Rituais de bem-estar e a relação com a terapia
Certa vez, escutei de uma professora muito querida que, quando buscamos algo que percebemos que nos faz bem, o fazemos não só por razões óbvias, mas porque aquilo também exerce uma função psíquica importante pra nós. Algumas coisas externas vão de encontro ao singular universo interno, e dali, um encontro que pode gerar bem-estar não somente físico, mas talvez sobretudo, subjetivo.
Normalmente nos guiamos por prazer, ou pelo menos por aquilo que entendemos que seja satisfatório dentro dos nossos referenciais, e podemos a todo tempo inventar formas de existir em contentamento diante de uma realidade ambígua, de vez em quando dura, usufruindo, dentro das possibilidades individuais, de espaços privados que possibilitem ao corpo e a mente certa calma, deleite, reflexão e organização.
O simplesmente “estar”, em contraste com mundo acelerado e cheio de opções para que nos mantenhamos em “movimento”, vai perdendo importância, mas não deveria.
E onde uma análise ou terapia se encaixa nesse contexto? Mesmo que ainda seja um tabu ou algo que se pensa estritamente indicado para pessoas que tem problemas mais graves, uma terapia bem conduzida pode marcar toda uma diferença na vida não só de sujeitos com sofrimentos específicos, mas inclusive, de quem precisa estar mais “aqui”, menos norteado por ressentimentos passados ou angústias futuras.
Um tempo de escuta que permite e incentiva que se diga, livremente, o que se associa com o que, como gostaríamos de viver, o que nos causa dor ou prazer, também pode ser considerado um ritual de reencontro, pazes, laços, términos, novas conexões e é uma ótima forma de se fazer presente para si, com as alegrias e tristezas inerentes a essa existência, até pra que, quando no mundo, rodeados pelas belezas, produtos legais ou outras facilidades, saibamos aproveitar melhor e de forma mais inteligente e certeira aquele recurso feito pra nós, pra ficar de boa.
Nossa subjetividade também responde de uma forma muito bacana a cheiros agradáveis, sabores, músicas, artes visuais; todos podem ser grandes aliados pro corpo, pros sentidos que precisam elaborar e assentar justamente o que se trabalha durante uma sessão, e vice-versa ;)
Seja qual for o meio ou o mood escolhido, que possamos pensar nele como uma pecinha que nutre e motiva outras buscas.
Até a próxima.
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